O Julgamento de Cristo
As 12 horas que separam a prisão da
morte de Jesus guardam uma
série de mistérios.
Por que ele foi detido?
Do que foi acusado?
Como o condenaram?
Quem o matou?
O prisioneiro caminha lentamente para a execução.
Seu sangue escorre pelas feridas em carne viva.
O fim está próximo. Em poucas horas o homem que irá
mudar a história da humanidade morrerá pendurado
em uma cruz.
Está para começar uma das maiores polêmicas de todos
os tempos.
Quase 2 mil anos após a morte de Jesus de Nazaré,
os detalhes sobre o julgamento que o levou à crucificação
ainda são capazes de provocar debates explosivos.
Primeiro, porque os únicos relatos daqueles momentos são
os textos religiosos contidos na Bíblia.
“Não bastasse isso, os quatro evangelhos (os livros que
contam a vida de Jesus atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas
e João) divergem entre si em diversos pontos da narrativa.
Não se conhece a seqüência dos fatos e de como ocorreram,
o que contribui para que sejam suscitadas tantas polêmicas”,
diz o historiador André Chevitarese, professor de história
antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo, porque os evangelhos impingem grande parte
da responsabilidade pela prisão e condenação de Jesus aos
sacerdotes judeus que o julgaram em primeira instância,
ivrando o romano Pôncio Pilatos, a autoridade máxima na
Palestina na época, de qualquer vestígio de culpa.
O cristianismo moderno rebate essa versão e nega que os
judeus da época de Jesus tenham sido os únicos culpados.
Já os historiadores discutem se os fatos narrados na Bíblia
têm base nas leis judaicas e romanas antigas, à procura de
esclarecer a verdade. “Mas os cristãos fundamentalistas
ainda interpretam os evangelhos de forma anti-semita”,
diz o padre e teólogo Antônio Manzatto, da Faculdade de
Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo.
“É o que fez Mel Gibson em seu filme A Paixão de Cristo.”
As polêmicas provocadas pelo filme, que bateu recordes de
bilheteria nos Estados Unidos e estreou no Brasil sob
ameaças de proibição, teve o mérito de levar ao público
questões normalmente restritas aos meios acadêmicos.
Afinal, quem matou Jesus? Como se deu o processo que
levou à sua condenação? Qual foi a responsabilidade do
povo judeu, das pessoas comuns?
Para responder a essas perguntas, primeiro é preciso
entender o contexto histórico em que esses fatos
extraordinários teriam ocorrido.
Não peca Amanhã:
O réu: Jesus de Nazaré