Ajude-se a si própria - Princípios à volta de Sentimentos
Ivo Dias de Sousa, professor universitário e autor do livro “Um Coelho Cheio de Sorte”. Para sugestões e comentários: ivosousa@yahoo.com ou http://twitter.com/ivosousa2
Cara Amiga,
O professor universitário e terapeuta David K. Reynolds defende, no seu livro “Constructive Living”, seis princípios à volta dos sentimentos. A meu ver, a simples noção destes princípios contribui para a melhoria da nossa qualidade de vida.
O primeiro princípio é: os sentimentos são incontroláveis diretamente. Ou seja, não podemos sentir de uma determinada forma através
da simples força de vontade. Claro que isto não dizer que não possamos influenciar indiretamente o que sentimos (quer seja raiva, ansiedade, tristeza ou outro sentimento). Tentar alterar o que sentimos diretamente com o pensamento não é uma boa estratégia. Quando falamos de sentimentos, o que resistimos tende a persistir.
O Doutor David K. Reynolds salienta que reconhecer que não controlamos os nossos sentimentos diretamente tem um benefício claro. Se não controlamos diretamente os sentimentos, não nos podemos sentir responsáveis por eles. Desta forma, qualquer sentimento que tenhamos está certo porque não somos moralmente responsáveis por ele.
O segundo princípio é: os sentimentos de ser reconhecidos e aceites tal como são. Se concordamos que não controlamos os nossos sentimentos diretamente (através da nossa força de vontade ou pensamentos, como queiramos colocar a questão), não somos culpados do que possamos sentir. Assim, uma boa estratégia é aceitá-los como são. Mais, procurar aprender com eles. Porquê? David K. Reynolds aponta que os sentimentos frequentemente são originados por situações específicas. Assim, uma estratégia eficaz para evitar determinados sentimentos é mudar as situações que os originam.
Reynolds destaca que o terceiro princípio: todos os sentimentos, por mais desagradáveis que sejam, têm os seus usos. Este está muito relacionado com o segundo. Por exemplo, o medo pode levar a agirmos, tanto para enfrentarmos ou fugirmos de uma ameaça (alguém que nos quer agredir ou um carro que nos pode atropelar, entre muitas outras situações). Claro que Reynolds diz que os sentimentos nem sempre levam as alterações positivas. No entanto, salienta que em todos os sentimentos existe o potencial para boas alterações.
O quarto princípio é: os sentimentos esvanecem-se com o tempo a não ser que sejam reestimulados. Ou seja, por maior que seja o luto, o medo ou o choque (entre muitos outros possíveis sentimentos) vão perdendo, com o tempo, intensidade, ficando apenas como memórias. Claro que isso também acontece a sentimentos como alegria e amor. Isto, a não ser que, segundo Reynolds, sejam reestimulados.
Já o quinto princípio é: os sentimentos podem ser influenciados indiretamente através do comportamento. Por um lado, o comportamento pode acentuar sentimentos por nós desejados. Por outro lado, o comportamento pode levar a que sentimentos indesejados se esvaneçam mais rapidamente.
O sexto e último princípio: somos responsáveis pelo que fazemos, independentemente da forma como nos sentimos. Isto é pouco cómodo para nós. Ou seja, em grande medida podemos controlar as nossas ações independentemente da forma como nos sentimos. Porém, é na forma como gerimos as nossas ações, destaca Reynolds, que nos pode levar a uma vida emocional rica.
Ajude os outros, mas comece por si!