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Consultório de Astrologia

O homem lobo… a maldição continua viva!

Embora seja considerada por muitos biólogos e zoólogos como uma pseudociência, a criptozoologia é o estudo de espécies animais lendárias, mitológicas, hipotéticas ou avistadas poucas vezes e por poucas pessoas. Desde que estreou a Saga Twilight, o homem lobo ou lobisomem tem despertado ainda mais a curiosidade dos estudiosos. Saiba onde acaba a realidade e começa o mito…

 

O cinema tem alimentado e muito o fascínio sobre essa figura mítica que é o lobisomem. Mas por que razão este é um mito que tanto nos fascina? Como começou esta história? E na verdade qual é a verdade por detrás do homem  lobo?

O mito do homem que se transforma num animal selvagem é universal e a sua origem perde-se no tempo. Existem algumas teorias de que no mais profundo inconsciente do homem nasceu um grande sentimento de culpa que fez o ser humano criar uma besta que nada mais é do que o reflexo dos seus instintos primários. Ou seja, há quem acredite que antes da era glaciar, o homem era vegetariano, e com as mudanças drásticas provocadas na idade do gelo, ele precisou não só de passar a alimentar-se de outros animais, como também a utilizar as suas pelas para poder sobreviver às condições climatéricas, chegando possivelmente a ter que recorrer ao canibalismo devido à escassez de alimentos. Esta profunda transformação nos seus hábitos deixou um grande trauma nos homens, deixando grandes cicatrizes no seu subconsciente, dando então lugar a esta lenda. O Lobisomem mais não era do que o próprio homem com os seus instintos animais e selvagens mais puros.

 

As primeiras histórias

 

As primeiras fontes oficias sobre o lobisomem foram os textos grecolatinos e Herodoto (484-425 a.C.) foi um dos primeiros a escrever sobre estas transformações sobrenaturais. No quinto livro de história, ele descreveu o território de Escitia (a atua Letónia), como sendo um dos locais onde uma vez por ano um povo que vivia mais isolado se transformava em lobo, durante alguns dias. Também Vigilio (70-19 a.C) nos seus exertos afirmou que em Ponto (na atual Túrquia) existiam alguns homens capazes de se transformar em lobos devido a uma ervas mágicas que cresciam nessa região.

Já as versões gregas sobre esta figura enigmática remete-nos, obviamente, para as explicações onde os deuses intervêm diretamente. Reza a lenda que Zeus transformou o primeiro homem em lobo quando este ousou comprovar a sua sabedoria convidando-o para um banquete onde serviu um prato elaborado com o cadáver de um menino. 

Já Plínio, o Velho (23-79 a.C.), na sua história natural, livro VIII, cita Euanthes, que afirmava que numa certa região um homem que era escolhido devia atravessar a nado um rio ou um pântano, de onde saia transformado em lobo. Durante nove anos permanecia com essa figura, e conseguisse durante esse tempo não comer carne humana, voltaria a recuperar a sua forma humana.

Petrónio (20-66 d.C.) afirmou ter tido um encontro com um soldado que à sua frente se transformou num lobo.

 

As primeiras lendas nórdicas

As fontes nórdicas são também ricas nas histórias que se referem ao homem lobo. São numerosas as sagas que fazem referência a uns ferozes guerreiros vikings, com uma força sobrehumana, que entravam em combate semidespidos, cobertos com peles de animais, gritando, espumando pela boca e mordendo os seus escudos, numa espécie de estado de transe, de tal maneira que não havia quem os conseguisse ferir. Eram uma casta especial de guerreiros consagrados a Odín, o deus supremo capaz de assumir diferentes formas de animais, especialmente a forma do lobo. Eram naturalmente possuídos, segundo a lenda, pelo espírito do animal cujas suas peles eram escolhidas para cobri-los. Estes guerreiros foram citados pela primeira vez en Haraldskvaedi, escrito por Thórbiorn Hornklofi no século IX em honra de Hafrsfjord Fairhair, o primeiro rei da Noruega, onde lutaram ao seu lado na batalha de Hafsfjord. Em muitos poemas e textos islandeses do século XIII também surge, muitas vezes, referência a estes bárbaros que matavam, saqueavam e arrasavam indiscriminadamente. Com a implantação do cristianismo, no século XII, estes guerreiros de Odín perderam a sua aura sagrada e acabaram por ir desaparecendo aos poucos. Não existem muitas dúvidas de que estes guerreiros foram uma das bases da criação do mito do homem lobo, pois, sem dúvida, que aos olhos dos aldeões mais simples, estes selvagens cobertos de pele eram muito semelhantes a um lobisomem.

 

Licantropia e bruxaria

 

Na Europa medieval, os ataques dos lobos aos homens suscitou um profundo terror, tornando um dos maiores predadores da época. Considerado uma besta solitária, cruel e feroz, foi entendido como um aliado e um símbolo do Diabo, pois tal como ele destruía o rebanho de fiéis (representados por cordeiros) para arruinar e destruir as suas almas. Esta presença, próxima e ameaçadora, combinou-se, sem dúvida, com as antigas crenças sobre homens que conseguiam transformar-se em lobos, e dado que este processo implicava a intervenção de algum poder mágico ou sobrenatural, a licantropia (capacidade ou maldição caída sobre um homem que se transforma em lobo)  foi facilmente associada a bruxaria. Os homens lobo eram bruxos que depois de pactuar com o mal recebiam deste uma pele de lobo, um cinturão do mesmo material e um ungento que lhes permitia transformar-se realmente em lobos e espalhar o seu reinado de terror sobre o mundo.

As antigas tradições foram postas, sem dúvida, por Santo Agostinho (354-430 d.C.) em De Spiritu et anima e De civitate Dei, onde afirmou que não se tratavam de transformações reais, mas sim de ilusões diabólicas, e assim sendo quem acreditava que conseguia transformar-se em lobo eram apenas vítimas de uma ilusão: o demónio transmitia aos seus sentidos todas as sensações do lobo, e da mesma forma eram também iludidos aqueles que os viam nessa pele. Estas histórias acabaram por contribuir e muito para a caça às bruxas durante a Idade Média. Henri Boguet no seu Discours des sorciers (1602), afirmou que Satanás confundia os bruxos fazendo-os crer que adotavam a forma de um lobo e que assassinavam homens e animais quando na realidade era o ser maligno que os fazia assumir essa forma. Nicholas Rémy (1595) e outros célebres demonólogos, como Pierre de Lancre, Jean de Nynauld expressaram também a mesma opinião nos seus textos.