Rituais associados ao Solstício de Inverno
Continuação:
Os amautas do povoado darão a Pachamama
uma oferenda agradecendo pelas colheitas
do ano passado, mesmo que não tenham sido
boas: uma tarwa illa, para que o gado se
multiplique, e uma espalla, ou tributo a terra.
Quando saem os primeiros raios de sol os
amautas pedem que todos os que estão
presentes se dêem às mãos e as mostrem
abertas ao céu para receber a energia positiva.
Centenas de mãos se elevam em direção ao sol.
Mãos morenas e calejadas dos camponeses
do vem de longe, do norte de Potosí que
chegaram para a celebração, mãos brancas
dos moradores locais, e delicadas dos visitantes
estrangeiros.
Alguns entoam orações, outros se ajoelham,
alguns tremem de emoção e há sempre aqueles
que não conseguem conter as lágrimas.
Os primeiros raios de Sol que surgem nas ruínas
de Tiwanaku são considerados como energia
positiva e também curativa.
Os pututus vibram e começam a soar as tarkas
e zampoñas. Depois da emoção vem a alegria
e com ela as danças no centro do templo de
Kalasasaya.
Um dia antes os amautas irão ler nas folhas
de coca (arte de adivinhão no chá de folhas
de coca), para ver se o próximo ano que se
inicia será melhor que o ano que termina.
Mas tudo irá depender de que os camponeses
não se esqueçam de fazer oferendas à mãe terra.
O ano será o resultado da reciprocidade.
A terra nos provê como uma mãe e temos que
pagar por isto. Dentro da cosmo-visão andina,
o homem não pode viver sem pagar á terra.
Trata-se de uma filosofia de reciprocidade para
se viver em harmonia.
O solstício não só se converte em um ritual onde
se agradece a Pachamama (mãe Terra) por todas
as bênçãos efectuadas durante o ano,
como também se constitui em uma forma de
convidar o deus Sol a participar das atividades
que a comunidade realizará durante todo o ano.
Segundo os aymaras, o Sol fecunda e Pachamama
germina.
Não perca Amanhã!
Solstício de Inverno e a sua influência no Mundo Antigo...