A festa de São João no Porto
São várias as localidades onde o dia de São João, 24 de Junho, é assinalado como feriado municipal, celebrando-se na madrugada desse dia com alegres festejos noite fora. Braga e o Porto têm duas das mais conhecidas celebrações desta data. As pessoas enchem as ruas, saltando, dançando e rindo. Os martelinhos, o alho-porro, os balões e as cascatas são elementos que nunca faltam à festa. Saiba porquê!Diz-se que quem saltar a fogueira na noite de S. João, em número ímpar e num mínimo de três vezes, fica por todo o ano protegido de todos os males. Também diz a tradição que as cinzas de uma fogueira de S. João curam certas doenças de pele. São benéficos os banhos que se tomem na manhã do dia de S. João, especialmente antes de o Sol nascer, e por isso tantas pessoas no Porto terminam a madrugada junt Há uma lenda cristã que conta que Isabel e Maria, que eram primas e estavam grávidas ao mesmo tempo, combinaram que a primeira a ter o bebé avisava a outra, acendendo uma fogueira que pudesse ser avistada à distância no deserto da Judeia, onde viviam. Santa Isabel foi a primeira a acender o fogo, quando nasceu João. É por isso que hoje as fogueiras são parte fundamental dos festejos do dia 24 de Junho, assim como os foguetes e balões que, segundo a tradição, levam ao santo os pedidos. Mas a festa de São João, como a conhecemos, é muito antiga e tem raízes pagãs, estando profundamente ligada às celebrações do Solstício de Verão, à celebração da vida e à fertilidade. Quando a Igreja Católica se quis sobrepor procurou encontrar celebrações que coincidissem nas datas e que se assemelhassem de algum modo às tradições pagãs, que já eram muito antigas e estavam profundamente enraizadas nos povos, para que estes as aceitassem mais facilmente. O mastro de São João mais não é do que uma réplica dos mastros enfeitados com flores e fitas que ainda hoje se erguem em alguns países do Norte da Europa e em torno dos quais os homens e as mulheres dançam, como celebração do amor e da vida. Na noite de São João, é tradição no Porto as pessoas esfregarem alho-porro na cara umas das outras ou baterem-lhes suavemente na cabeça com martelinhos de plástico, que vieram substituir o alho-porro, antes usado pela sua forma fálica, exaltando assim a fertilidade masculina. Também os martelinhos têm forma fálica. Os ramos de cidreira ou limonete eram usados com o mesmo fim, representando a fertilidade feminina, nesta celebração da vida. As cascatas são uma tradição muito antiga, que se crê terem aparecido no século XIX, na sequência do aparecimento dos presépios. As pessoas substituíam os reis magos e a sagrada Família pelos santos populares e assim construíam uma cascata, que era exibida à entrada dos bairros e enriquecida com uma infinidade de figuras representativas das gentes, das ruas, ao sabor da criatividade e do sentido estético de cada um. Esta tradição ainda hoje se mantém viva em alguns bairros mais históricos da cidade invicta, sendo as cascatas preparadas muitas vezes com dois ou três meses de antecedência. Cada cascata retrata geralmente a história do lugar e das pessoas que o habitam, havendo também lugar para a sátira social. |